O desmatamento representa a maior parcela histórica das emissões de gases de efeito estufa (GEE) na região do Matopiba – que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, analisa o estudo “Panorama das emissões de gases de efeito estufa da região do MATOPIBA pelos usos da terra entre 2000 e 2019”. A maior parte acontece no Cerrado, sendo também as emissões que mais apresentam variação anual, chegando a compor cerca de 79% das emissões em 2004 até alcançar a sua menor participação em 2019, respondendo por 44% das emissões da região. Já as emissões da produção agropecuária indicam uma tendência constante de aumento ao longo do tempo, sendo que nos anos de 2018 e 2019 atingem sua maior parcela, com mais de 50% e de 56%, respectivamente.
Quando se olha para o setor de AFOLU (Agropecuária, Florestas e Outros Usos do Solo), a região apresenta uma queda de 35% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) entre 2000 e 2019. As emissões na região totalizaram 72,4 MtCO₂e em 2019, enquanto em 2000 atingiram 111,0 MtCO₂e.
Segundo o estudo, conduzido por Gabriel Quintana, analista de Clima e Emissões do Imaflora, o resultado de queda observado para a região nos anos mais recentes indica como a dinâmica do desmatamento na região determina o ritmo das emissões pelo setor de AFOLU, na medida em que se promove a redução das emissões de GEE e o aumento das remoções de carbono, especialmente nas áreas de produção agropecuária já estabelecidas.
A análise foi feita com base nos dados de emissões do setor AFOLU, produzidos pelo Imaflora em parceria com o Observatório do Clima e publicados na plataforma digital da iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG). As expectativas de resultados de análise do próximo período, no entanto, não são positivas. Após 2019, as emissões totais do Brasil tiveram aumento pelo setor de AFOLU, o que poderá ser observado se o mesmo resultou em aumentos expressivos no Matopiba a partir de 2019, causados principalmente pelo aumento do rebanho bovino e do desmatamento, especialmente no Cerrado, bioma predominante na região.
A área geográfica Matopiba é composta por 337 municípios dos estados do Maranhão (MA), Tocantins (TO), Piauí (PI) e Bahia (BA), além de concentrar importante parte da produção agrícola do Brasil. A rápida expansão das atividades agropecuárias na região é uma das maiores preocupações dos cientistas no que se refere ao cumprimento das metas nacionais para o combate dos riscos associados à crise climática. “Essa queda nas emissões por desmatamento em 2018 e 2019 demonstra como a interrupção e até mesmo a redução da conversão das áreas de vegetação nativa possuem grande impacto na tendência geral das emissões da região, juntamente com expansão e adoção das práticas e tecnologias do Plano ABC+”, afirma Quintana.
É fundamental que sejam elaboradas políticas públicas para que se institua e defina essa região pelo viés regulatório, de modo que o seu papel na produção de commodities agropecuárias seja reconhecido. O objetivo é eliminar os impactos no âmbito das mudanças climáticas, especialmente para o desmatamento, uma das principais fontes de emissões na região, ao mesmo tempo em que se estimula uma agropecuária de baixas emissões. Outra estratégia vital para a região é o direcionamento dos esforços para a restauração, principalmente devido à perda de cobertura florestal para demais usos que hoje se encontram com baixos níveis de produtividade, em degradação ou por serem caracterizados como passivos ambientais, buscando-se adequar principalmente perante ao Código Florestal.
Sobre o Imaflora
O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma organização brasileira, sem fins lucrativos, que se dedica a promover o uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais. O Instituto desenvolve soluções que conciliam conservação ambiental e desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo em que oferece serviços para o mercado, atendendo atores das cadeias florestais, agropecuária, da sociobiodiversidade e da agenda climática.
Criado em 1995, o Imaflora realiza trabalho em campo, assistência técnica, certificação socioambiental, além de pesquisa e desenvolvimento de estudos com base em dados públicos. O Imaflora é um agente de articulação que preza pela atuação em rede, viabilizando parcerias para fomentar soluções coletivas, que já beneficiaram mais de 62 mil pessoas em 8,1 milhões de hectares de florestas e unidades produtivas, a exemplo das iniciativas Florestas de Valor, Boi na Linha, Soja na Linha, Origens Brasil, Carbon on Track, Timberflow, entre outros. Mais informações: Site do Imaflora
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Fonte da imagem: greenpeace 25/11/2023