(Curadoria Agro insight)
Hoje a curadoria trouxe alguns resultados práticos de pesquisa que podem ajudar no momento da adubação do feijoeiro. Trata-se do trabalho realizado pelos pesquisadores da Embrapa, Pedro Marques da Silveira, Luís Fernando Stone, Cleber Morais Guimarães e Augusto Cesar de Oliveira Gonzaga, sobre adubação nitrogenada em feijão.
Parcelamento e aplicação tardia da adubação nitrogenada no feijoeiro em sistema plantio direto
A adoção de técnicas que possibilitem a maximização da eficiência do uso de nitrogênio (N) pelo feijoeiro é de extrema importância para aumentar a produtividade de grãos, reduzir o custo de produção e evitar contaminação ambiental (SORATTO et al., 2005). O feijoeiro é muito exigente em N e, diferentemente dos outros macronutrientes, que tiveram
maiores avanços nas suas recomendações, dada a contribuições das análises químicas do solo, houve pouco avanço na sua recomendação e o tema é ainda desafiador e motivo para pesquisa.
Nesse contexto, uma das dúvidas que precisam ser respondidas é sobre o efeito do parcelamento e da aplicação tardia de doses de nitrogênio na produtividade de grãos do feijão (Phaseolus vulgaris L.). Desta forma, a seguir serão apresentados resultados de um estudo que avaliou doses e parcelamento das doses de N em feião irrigado.
Sistema de cultivo
- Plantio direto cultivado com feijão no inverno, sobre palhada de soja
- Utilização de irrigação
Avaliação da aplicação do nitrogênio (N)
Doses únicas – aplicadas totalmente no estádio V4 (terceira folha trifoliolada aberta):
- 30 kg/ha
- 60 kg/ha
- 120 kg/ha
Doses parceladas – divididas igualmente em duas aplicações, no estádio V4 e no início do estádio R6 (floração):
- 30 kg ha-1
- 60 kg ha-1
- 120 kg ha-1
Resultados
O parcelamento e a aplicação tardia da adubação nitrogenada na dose de 120 kg/ha impactaram positivamente a produtividade do feijoeiro irrigado.
Com relação aos componentes da produtividade, houve efeito da dose de 120 kg/ha aplicada parceladamente nos dois estádios do feijoeiro sobre o número de vagens por planta e não houve efeito sobre o número de grãos por vagem e massa de 100 grãos.
Efeito positivo do parcelamento
No tocante ao efeito positivo da aplicação tardia parcelada do N, a hipótese é que esse N tardio, aplicado na época de florescimento do feijoeiro, será utilizado diretamente pelas estruturas reprodutivas da planta, uma vez que o estádio vegetativo da planta já foi ultrapassado.
Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), a exigência nutricional das culturas, em geral, torna-se mais intensa com o início da fase reprodutiva, sendo mais crítica na época de formação das sementes, quando consideráveis quantidades de nutrientes são para elas translocadas. Essa maior exigência se deve ao fato de os nutrientes serem essenciais à formação e ao desenvolvimento de novos órgãos de reserva.
Segundo Hungria et al. (1985), 60% do N mineral total acumulado pelo feijoeiro durante o ciclo são absorvidos entre os estádios de florescimento e meados do estádio de enchimento dos grãos.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
SILVEIRA, P. M. da; STONE, L. F.; GUIMARÃES, C. M.; GONZAGA, A. C. de O. Parcelamento e aplicação tardia da adubação nitrogenada no feijoeiro irrigado em sistema plantio direto. Global Science and Technology, v. 15, n. 2, p. 26-30, 2023.
SORATTO, R.P.; CRUSCIOL, C.A.C.; SILVA, L.M.; LEMOS, L.B. Aplicação tardia de nitrogênio no feijoeiro em sistema de plantio direto. Bragantia, v.64, n. 2, p.211-218, 2005.
CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588 p.
HUNGRIA, M.; NEVES, M.C.P.; VICTÓRIA, R.L. Assimilação do nitrogênio pelo feijoeiro. II. Absorção e translocação do N mineral e do N2 fixado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.9, n.3, p. 201-209, 1985.