(Curadoria Agro Insight)
Na curadoria de hoje, traz uma análise do Cepea, publicada na Revista Hortifruti Brasil, sobre o impacto crescente do HLB (Huanglongbing) ou greening na produção e nos custos de produção da citricultura.
CUSTOS SOBEM POR CONTA DO HLB (GREENING)
A incidência do HLB (greening) em muitas regiões alcançou patamares recordes em 2022, elevando os gastos na citricultura e limitando a produtividade dos pomares. Além disso, dependendo das condições regionais de intensidade do HLB, novos investimentos devem ser avaliados muito criteriosamente diante do alto risco de queda de rentabilidade.
Avaliar a região e sua susceptibilidade, manter o menor nível de incidência da doença no pomar por meio de um controle intensivo do vetor e da erradicação das plantas contaminadas e manejar os pomares para obter uma produtividade elevada são algumas das recomendações mais comuns dos consultores para se proteger do HLB. No entanto, um dos grandes desafios para viabilizar os dois Projetos de fazenda de laranja apresentados nesta edição é atingir, de fato, as produtividades estimadas do modelo em meio à realidade atual do HLB. Além disso, a implantação de ambos os Projetos só se viabiliza numa área de baixa incidência da doença e/ou em propriedades de grande extensão em que há pulverização muito intensiva nas bordaduras da fazenda.
Outro ponto importante é o peso que hoje o HLB representa nos custos de produção. Atualmente, dependendo da intensidade das pulverizações, os gastos com o manejo da doença subiram muito e podem alcançar até 30% dos desembolsos na temporada 2023/24. Segundo o Fundecitrus, a taxa média de incidência do greening em 2018 era de 18% e, em 2022, alcançou o recorde de 24,42% das plantas contaminadas. Isso significa que, mesmo com todo o controle de uma propriedade para manter o nível de incidência baixo, por conta da disseminação, os custos de produção aumentam diante do manejo mais intensivo.
HLB (GREENING) SE ESPALHA E ELEVA OS GASTOS NA CITRICULTURA
A alta da incidência de HLB (greening) em algumas regiões do cinturão paulista tem levado citricultores a reverem seus investimentos e planejamento de novos pomares, mesmo em uma temporada em que a perspectiva é de preços recordes (nominal e em moeda nacional) para os novos contratos. Inclusive, o próprio Fundecitrus tem recomendado que produtores adiem novos plantios e/ou renovações nas regiões com incidência crítica de HLB (acima de 25% de incidência nos pomares), já que as árvores novas são ainda mais suscetíveis à doença – as exceções são propriedades isoladas de outros pomares (com raio de pelo menos cinco quilômetros de distância) e as com vizinhos que realizam manejo rigoroso.
INCIDÊNCIA DE HLB (GREENING) ATINGE NÍVEIS ALARMANTES NO CINTURÃO
A incidência segue maior nos pomares acima de 10 anos, nas propriedades menores e nos talhões de borda. Ainda assim, preocupam a grande quantidade de plantas abaixo de cinco anos com greening e o crescimento na incidência também nas propriedades de maior porte (acima de 200 mil plantas, onde a taxa de árvores com sintomas aumentou de 14,06% em 2021 para 19,39% em 2022).
O cenário regional é ainda mais preocupante: enquanto há regiões com taxas baixíssimas (Triângulo Mineiro), outras estão em níveis considerados insustentáveis (Limeira, Brotas e Porto Ferreira).
Nota-se que o reflexo da doença na sustentabilidade econômica da citricultura é uma preocupação crescente e de longo prazo. O greening impacta na produtividade, na longevidade dos pomares, na qualidade das laranjas e, por fim, na viabilidade econômica da cultura.
O percentual de plantas com sintomas de HLB (greening) no cinturão citrícola segue aumentando, apesar dos esforços do setor quanto ao controle do vetor (psilídeo) e da doença. Segundo dados do Fundecitrus, em média, 24,42% das plantas do cinturão citrícola industrial (São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro) registrou HLB, contra 17% em 2016. Este foi o quinto ano consecutivo de avanço na incidência da doença. A tendência é de aumento do número de plantas com HLB em 2023.
CAUSAS DO AUMENTO DO HLB (GREENING) |
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Baixa erradicação |
Controle inadequado |
Outros |
A manutenção da plantas com HLB (greening) nos pomares amplifica a disseminação da doença. Muitos produtores estão abandonando ou diminuindo a erradicação das plantas, apesar da recomendação ser favorável a eliminação. | Vários manejos foram realizados muito aquém das recomendações, tais como: não eliminação das plantas sintomáticas, baixo número de pulverizações e/ou estas realizadas de forma inadequada para o controle do psilídeo (sem boa cobertura do topo das árvores) e uso repetitivo de piretróides sem a rotação adequada de outros modos de ação (o que causou resistência do vetor a esse grupo químico em alguns locais). | Maior densidade dos pomares e grande número de pequenas e médias propriedades com calendários de pulverização insuficientes e não sincronizados regionalmente. O clima também influenciou o crescimento da população de psilídeo e a disseminação da doença nos últimos anos. |
BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS
Hortifruti Brasil – Custo de produção: HLB (greening) se espalha e aumenta os gastos na citricultura. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP.