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Panorama da produção do abacate, uma das que mais cresce no Brasil e no mundo!

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(Curadoria Agro Insight)

Hoje, a curadoria Agro Insight compartilha um artigo bastante completo e esclarecedor sobre a cultura do abacate. A publicação é da Revista Hortifruti Brasil e foi publicado dia 11 de abril de 2023.

Produção da fruta é uma das que mais cresce no Brasil e no mundo!

O abacate tem se destacado no setor de frutas ao longo da última década. A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) projeta que o abacate se torne a fruta tropical mais comercializada até 2030, com as exportações globais superando as quatro milhões de toneladas, acima das vendas externas de manga e de abacaxi, e atrás apenas da banana. E qual o segredo de tanta notoriedade? O apelo saudável e a versatilidade do abacate – as opções de uso são diversas, tanto na culinária quanto na produção de cosméticos e de terapêuticos – são fatores que favorecem o crescimento da demanda pela fruta. E a boa procura vem tornando a rentabilidade mais atrativa, incentivando investimentos neste setor.

O Brasil ainda não é um grande player global, mas, desde 2015, vem registrando forte crescimento na produção, o que levou o País a se posicionar entre os 10 maiores produtores globais. No entanto, apenas 3% da produção brasileira é exportada, segundo a Faostat. Para conquistar cada vez mais o mercado internacional, Lígia Carvalho, diretora da Jaguacy, empresa produtora e exportadora de avocado, diretora-presidente da Abacates do Brasil e presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA, ressalta que é preciso “correr atrás de estrutura de comercialização, como packing houses de alto nível de adequação à exigência dos países destinos”.

Com um cenário bastante promissor, é preciso ficar de olho no abacate como uma oportunidade de negócio. Ações para promover omercado desta fruta são necessárias, visando promover o consumo no Brasil e alcançar destinos no front externo. “Precisamos produzir com alta qualidade, fazer frutos mais padronizados e com menos defeitos; aumentar a produtividade e baixar o custo de produção para garantir uma boa rentabilidade”, conclui Jonas Octávio, gerente geral La Ferretti e vice-diretor presidente da Abacates do Brasil.

Abacate

Na última década, o abacate tem se destacado no setor de frutas. A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) projeta que o abacate se torne uma das frutas mais comercializadas até 2030, com as exportações globais superando as quatro milhões de toneladas, acima das vendas externas de manga e de abacaxi, e atrás apenas da banana.

A produção de abacate – que possui origem no México e na América Central – tem se expandido em todo o mundo, especialmente nas zonas tropicais e subtropicais, onde melhor se adequou edafoclimaticamente, segundo a Embrapa. Os principais exportadores mundiais são, no hemisfério Norte, o México, a Espanha e os Estados Unidos, e, no hemisfério Sul, Peru, Chile, Colômbia e África do Sul. O Brasil ainda não é um grande player global, mas, desde 2015, vem registrando forte crescimento na produção, o que levou o País a se posicionar entre os 10 maiores produtores globais.

O México é o maior fornecedor global de abacate, sendo responsável por 40% do mercado mundial. No entanto, a
oferta da fruta mexicana vem crescendo menos que a do Peru, da Colômbia e do Quênia – três exportadores emergentes, que realizaram investimentos bem-sucedidos e que foram favorecidos pelo clima. O Brasil é apenas o 20º maior exportador mundial de abacate e concorre sobretudo com os países do hemisfério Sul, como Peru, Colômbia e África do Sul – estes países têm um calendário de colheita similar ao do Brasil, com vendas especialmente no primeiro semestre. O Chile, por cultivar abacate em altas altitudes, possui calendário similar ao de países do hemisfério Norte.

POR QUE O PLANTIO DE ABACATES ESTÁ CRESCENDO?

A saudabilidade e a versatilidade do abacate – as opções de uso são diversas, tanto na culinária quanto na produção de cosméticos e de terapêuticos – são fatores que favorecem o crescimento da demanda pela fruta. E a boa procura vem tornando a rentabilidade mais atrativa, incentivando investimentos neste setor. Segundo relatório do CBI (Centro para a Promoção de Importações de Países em Desenvolvimento), a demanda pelo abacate fica superior à oferta em boa parte do ano, registrando, mais recentemente, pequenos períodos de excessode disponibilidade. A fruta tende a se tornar mais tradicional nos varejos da Europa, o que pode amenizar a velocidade do crescimento do consumo até uma possível estabilização. A demanda per capita do europeu aumentou 17% de2019/20 para 2020/21, segundo a revista FruitTrop, atingindo 1,4 kg/ano. Nos Estados Unidos, o consumo per capitachega a quase 4 kg/ano e no Canadá, a 3 kg/ano. Já osmexicanos consomem entre 6,5 e 7 kg/ano.

Relatório Agricultural Outlook 2021-2030, da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da FAO (Organização das Nações Unidas para a  Agricultura e Alimentação), mostra que o abacate deve se tornar
a segunda fruta tropical mais comercializada até 2030, atrás apenas da banana, ultrapassando o abacaxi e a manga. Entre 2010 e 2030, a produção mundial da fruta deve triplicar, impulsionada pelos avanços no Peru, Colômbia e Quênia.

PRODUÇÃO NACIONAL CRESCEU MUITO APÓS 2015

Quando se trata da produção, o Brasil está melhor posicionado  no ranking mundial, ficando em sétimo lugar. Como o brasileiro demanda muito a fruta, apenas 3% da produção é exportada, segundo cálculo feito com base em dados da Faostat. Já os principais concorrentes do Brasil (México, Colômbia, Chile e África do Sul) exportam mais de 50% do que produzem.

Números da produção nacional

  • Valor da produção: R$ 710,3 milhões
  • Quantidade produzida: 301 mil t (+ 53% frente a 2016)
  • Área colhida: 18 mil hectares (+ 67% frente a 2016)
  • Rendimento médio: 16,48 t por hectare
  • Maior estado produtor: São Paulo
  • Número de Estabelecimentos (2017): 4.427 Unidades
  • % da Produção com Agricultura Familiar (2017): 33%

Fonte: IBGE (2021) e Censo Agropecuário (2017).

O ABACATE TROPICAL E O AVOCADO

No Brasil, o abacate tropical e o avocado (que tem sabor, casca, tamanho e outras características diferentes
das do tropical) são os dois principais grupos de variedades produzidos, e os preços de comercialização destas variedades são bem distintos. Enquanto o abacate tropical chegou a ser negociado nas Ceasas do Brasil em 2022 a R$ 5,30/kg, o avocado atingiu R$ 13,35/kg, conforme dados do ProHort. Essa forte diferença está relacionada à oferta – a
disponibilidade de avocado no Brasil ainda é restrita. Além disso, os custos de produção do avocado são superiores
aos do tropical.

Diante disso, é evidente que o consumo nacional seja concentrado no abacate tropical, mas esse cenário pode
se alterar, tendo em vista que a Associação Abacates do Brasil estima aumento na produção de avocado – o que
pode levar a uma diminuição na diferença entre os valores e atrair consumidores. O maior investimento no avocado
ocorre tanto por parte de produtores tradicionais de abacate e de outras frutas, quanto por estrangeiros, que veem
potencial no Brasil.

No âmbito externo, como o consumo do avocado já é mais consolidado, os desafios ao setor brasileiro estão relacionados à abertura de novos mercados (algumas já estão em andamento) e à forte concorrência, principalmente com o Peru, Colômbia e África do Sul, que produzem na mesma janela que o Brasil.

Vale lembrar que, no segmento externo, o fato de a área e a produção da fruta estar crescendo em importantes
países produtores traz riscos de desbalanceamento entre a oferta e a demanda, o que torna cada vez mais importante
para o Brasil promover o consumo doméstico. Neste sentido, internamente, o desafio será promover a “nova” variedade de abacate, que ainda é pouco consumida no Brasil – dados do Prohort mostram que, do total de abacate comercializado nas principais Ceasas do Brasil em 2022, apenas 3% correspondeu ao avocado. Já está nos planos da
Associação uma campanha chamada “Partiu Avocado!”,  com o objetivo de ensinar ao consumidor brasileiro como
inserir o avocado em todas as refeições. Além disso, faz-se necessário uma evolução na logística nacional, já que, para
esta variedade, o volume comprado por cada rede varejista ainda é baixo, o que deixa o frete ainda mais caro.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS VARIEDADES PRODUZIDAS NO BRASIL?

Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Abacate, mais de 500 variedades são conhecidas no mundo, e a Embrapa as classifica em dois grandes grupos: os de clima tropical (comuns em zonas menos altas – é o caso das variedades nativas brasileiras) e os de clima subtropical (que são melhores adaptados em altitude acima de 1.500 metros, como as mexicana e guatemalense – é o caso do avocado). No Brasil, apesar de não haver estimativas oficiais, a Abacates do Brasil acredita que pouco mais de 11 mil hectares correspondem ao tropical, e quase sete mil hectares, ao avocado. Ainda assim, outras variedades são cultivadas do País, sendo as principais: avocado (hass), breda, fortuna, geada, margarida, ouro verde e quintal, o que permite que o País produza a fruta o ano todo, com a entressafra de uma variedade sendo complementada pelo início de outra. Apesar disso, a produção da fruta tem maior concentração no primeiro semestre, quando são colhidas as variedades de maturação precoce e de meia-estação, como geada, fortuna e quintal. Variedades mais tardias, como o breda e margarida, também são bem produtivas, mas têm produção bianual.

QUAL O PERÍODO DE EXPORTAÇÃO DO BRASIL?

O Brasil exporta em uma pequena “janela” de mercado, que ocorre de meados de fevereiro a maio, sendo o pico entre
março e abril. Os principais concorrentes são do hemisfério Sul, que têm o mesmo calendário de colheita, como Peru, Colômbia e África do Sul. A única exceção do hemisfério é o Chile, que, por produzir em elevada altitude, tem calendário diferente e mais semelhante ao de países do hemisfério Norte.

Nos últimos 10 anos, houve crescimento significativo nas exportações brasileiras de abacate à Europa e, sobretudo, à América do Sul. O primeiro continente, juntamente à América do Norte, é um grande consumidor mundial da fruta e tem sinalizado incremento das importações no médio prazo. Os embarques brasileiros para a Europa se enfraqueceram nos anos mais recentes, o que pode estar relacionado à pandemia de covid-19, e à maior inserção de concorrentes, como Peru, Colômbia, Quênia e Marrocos. Já os envios para a América do Sul decolaram após a abertura do mercado da Argentina ao abacate brasileiro, que ocorreu em 2019 – vale lembrar que, segundo a Comexstat, 89% do volume embarcado pelo Brasil à América do Sul em 2022 teve a Argentina como destino.

UNIÃO EUROPEIA AUMENTA COMPRA EXTRA-BLOCO; BRASIL PERDE ESPAÇO

De 2017 para 2022, a União Europeia aumentou a importação de abacate extra-bloco em 39%, e os principais países que aproveitaram este crescimento foram Peru, Colômbia, Quênia e Marrocos. Em contrapartida, as vendas externas do Brasil caíram no mesmo período. Enquanto o Peru foi responsável por 44% do fornecimento para o bloco europeu, o Brasil forneceu apenas 1%, de acordo com a Comtrade. Vale lembrar que a variedade avocado (hass) é a mais demandada internacionalmente.

DE OLHO NO FUTURO!

Dados publicados pela OCDE/FAO indicam que as exportações mundiais de abacate devem superar as 4 milhões de toneladas em 2030, contra 3,1 milhões de toneladas em 2021. Os Estados Unidos e a União Europeia devem continuar sendo os principais importadores, responsáveis por 40% e 31%, respectivamente, das compras globais em 2030. As importações também estão aumentando rapidamente em outros países, como na China e alguns do Oriente Médio, evidenciando uma descentralização dos mercados. Boa parte da produção deve se manter na América Latina e Caribe, tendo em vista as condições favoráveis de plantio. A produção do México, maior produtor e exportador mundial, deverá crescer 5,2% a.a. nos próximos 10 anos, estimulada pelo contínuo avanço da demanda dos EUA, maior destino da fruta mexicana. Diante disso, a participação do México nas exportações mundiais deve subir ainda mais até 2030, atingindo 63%.

RENTABILIDADE FUTURA PREOCUPA OS PRODUTORES DE ABACATE

A rentabilidade média elevada nos últimos anos estimulou o aumento dos investimentos na cultura do abacate. No
entanto, a preocupação de produtores agora é se a rentabilidade deve se manter nesse patamar nos próximos anos. Os custos médios por tonelada produzida já têm subido significativamente, enquanto os preços não avançam na mesma  proporção, o que é natural, dado o aumento da oferta.

Em 2022, o Projeto Campo Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), indicou que a lucratividade média de uma propriedade modal de São Paulo, de 30 hectares, foi calculada em 35%, bem acima dos padrões para a fruticultura no estado. Ressalta-se que este resultado é uma estimativa, e que é importante considerar a proporção de variedades e a organização do plantio/formação do pomar dentro da  propriedade. A variedade avocado, por exemplo, exige maior cuidado no manejo, tem menor produtividade e é bem mais sensível ao clima quente (necessita de irrigação). Por outro lado, o valor agregado é mais vantajoso que o do tropical. No geral, a cultura de
abacate tem elevado gasto com mão de obra, tendo em vista que o exige muitos tratos e a colheita é manual.

Por conta disso, um novo projeto na cultura deve levar em conta que a lucratividade daqui para frente tende a ser menor que a de anos recentes. Ganho de eficiência na produção e uso de variedades de maior valor agregado são fatores importantes para que a cultura se mantenha viável.

AINDA HÁ ESPAÇO PARA CRESCER?

No mercado internacional, dados da OCDE/FAO mostram que sim, ainda há espaço para crescer. O consumo mundial do abacate ainda deve avançar até 2030, sobretudo na Europa. Por outro lado, considerando-se que praticamente todos os países produtores investiram recentemente e que as árvores devem entrar em produção dentro de três a quatro anos, novas ampliações, mesmo visando o mercado internacional, exigem cautela.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O ABACATE BRASILEIRO

DESAFIOS
OPORTUNIDADES
  • Para alcançar a sustentabilidade no futuro, é importante produzir frutos de alta qualidade, com padrão e custos competitivos.
  • E, para isso, coordenação e avanços na organização das comercializações interna e externa são essenciais.
  • O manejo agronômico tem que avançar, visando mais eficiência tanto nas variedades tropicais quanto no grupo do avocado.
  • O treinamento e a capacitação da mão de obra e melhorias na mecanização são vitais para melhorar a eficiência e reduzir os custos médios de produção.
  • Vencer os entraves e custos logísticos é importante tanto no mercado doméstico quanto interno.
  • O apelo nutricional e da versatilidade como fruta para receitas salgadas e doces pode ampliar muito a demanda doméstica do fruto, que ainda é muito baixa.
  • A fruta também é passível de industrialização, diante da possibilidade de usos na nutrição, cosmética e terapêutica (ex: guacamole pronta, pós-treino em pó).
  • Há espaço para crescer mais na variedade de maior valor agregado, como o grupo avocado (hass), nos mercados externo e interno.
  • A maior disponibilidade de água em alguns polos produtores é um diferencial do Brasil, principalmente quando comparado aos principais concorrentes. Importância de acordos comerciais bilaterais do Brasil com os países importadores: Japão, EUA e Chile.

BIBLIOGRAFIA E LINS RELACIONADOS

Abacate. In: Revista Hortifruti Brasil – CEPEA – ESALQ/USP, 32p.

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Tags: Fruticultura

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