(Curadoria Agro Insight)
Hoje a curadoria Agro Insight sitetiza e compartilha as principais informações do último Boletim da Safras de Grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Acompanhamento da safra brasileira
A segunda estimativa para a safra de grãos em 2022/23 indica um volume de produção de 313 milhões de toneladas, aumento de 15,5% se comparado com o resultado obtido no último ciclo, o que representa quase 42 milhões de toneladas a mais. No geral, a área semeada no país deverá chegar a 76,8 milhões de hectares, ante aos 74,5 milhões de hectares cultivados em 2021/22, como mostra o 2º Levantamento de Grãos da Safra 2022/23, divulgado nesta quarta-feira (9) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com o levantamento, a projeção é que cerca de 43,2 milhões de hectares em todo país sejam destinados para a semeadura da soja e a estimativa é que a produção fique em torno de 153,5 milhões de toneladas. Para o milho, a expectativa é que a produção total seja de 126,4 milhões de toneladas. Na primeira safra do cereal há redução de 3,1% na área a ser cultivada, atribuída à elevação dos custos de produção e à alta pressão da ocorrência de cigarrinha.
A Conab também prevê uma redução de área para o arroz e o feijão. Com uma área estimada em 1,5 milhão de hectares, a safra de arroz está estimada em 10,6 milhões de toneladas. No caso da leguminosa, a diminuição deve chegar a 2,7% na área total prevista a ser semeada, somando todos os ciclos da cultura. Ainda assim, a produção total de feijão no país é estimada em 2,9 milhões de toneladas.
Dentre as culturas de inverno, destaque para a safra recorde de trigo. A expectativa é que os agricultores colham 9,5 milhões de toneladas do grão nesta safra, valor 23,7% maior que o ciclo anterior. O bom resultado deverá ser obtido mesmo com a redução de produtividade das lavouras no Paraná, situação adversa compensada pelas condições climáticas favoráveis no Rio Grande do Sul.
Neste levantamento, a Conab prevê uma queda do consumo nacional de arroz em relação ao volume divulgado no levantamento anterior, saindo de 10,8 milhões de toneladas para 10,6 milhões de toneladas na safra 2022/23. Além disso, a perspectiva é de leve retração do estoque de passagem para 2,0 milhão de toneladas ao final de 2023
Para o trigo, a expectativa é de encerramento da safra com estoque de passagem de 1,3 milhões de toneladas, estimativa 11,58% maior que a de outubro. No caso do milho de 2022/23, a perspectiva é de aumento em torno de 6,2% no consumo interno e projeção de continuidade de demanda externa aquecida pelo cereal, com uma previsão de exportação em 45 milhões de toneladas. Para a safra 2022/23 de soja, não houve alterações significativas em relação ao estimado no mês anterior, assim como as projeções do algodão que permaneceram estáveis nesse 2º levantamento, em relação às do 1º.
Crescimento de 2,6% na área a ser semeada, em um total de 1.642,2 mil hectares, e estimativa de produção de pluma em 2.979,9 mil toneladas. O plantio das culturas de primeira safra ocorre em novembro e dezembro, e os de segunda safra, a partir de janeiro.
RESUMO
Arroz
Redução de área em quase todas as regiões produtoras, sobretudo na cultura de sequeiro, resultando em 6,2% de diminuição na área a ser semeada, com previsão de produção de 10,6 milhões de toneladas. A semeadura teve avanço nas áreas produtoras no país. Verificou-se regiões com excesso de chuvas e a falta delas em outras, o que tem atrasado a semeadura. Destaque para Santa Catarina, Goiás e Rio Grande do Sul, visto que mais de 60% das áreas foram semeadas. Em Mato Grosso ainda não foi iniciado o plantio.
Feijão
Redução de 2,7% na área total prevista a ser semeada. A produção total de feijão no país, somando-se as três safras, é estimada em 2,9 milhões de toneladas. As operações de semeadura vão avançando, condicionadas, principalmente, pelas condições climáticas registradas em cada região produtora. Alguns locais enfrentam cenários mais adversos, especialmente na Região Sul, e isso acaba por limitar a evolução do plantio eo desenvolvimento inicial das lavouras. Mas, de maneira geral, o cultivo segue por todo o país, com perspectiva de direcionamento de 831,6 mil hectares neste primeiro ciclo, somando o cultivo do feijão-cores, preto e caupi, mantendo a sinalização de diminuição na área plantada em comparação ao ano passado, principalmente pela ampla concorrência de cultivos mais rentáveis recentemente, como soja e milho.
Milho 1a safra
Redução de 3,1% na área a ser cultivada, atribuída à elevação dos custos de produção, alta pressão da cigarrinha do milho e a uma migração para cultivos mais rentáveis, como o da soja. Com essa medida, os produtores esperam uma redução da infestação dessa praga no próximo cultivo por meio da eliminação da “ponte verde”, que seria a presença de milho durante o verão e, com isso, reduzir a pressão do inseto na próxima safra.
O plantio alcança 40% da área prevista. As lavouras, em sua maioria, estão no estágio de desenvolvimento vegetativo. A maior parte delas apresenta bom desenvolvimento, com exceção das plantadas em algumas regiões de Santa Catarina e Paraná, onde as precipitações frequentes e em grande volume que, aliadas às baixas temperaturas, provocaram aumento do período de germinação e redução do desenvolvimento vegetativo, que poderá resultar em menores produtividades.
Para a safra total de milho primeira, segunda e terceira safras, a produção estimada totaliza 126,4 milhões de toneladas.
Soja
Após um início lento por conta das precipitações localizadas em alguns estados, o plantio da safra 2022/23 de soja avança, alcançando 47,6% da área prevista, pouco abaixo dos 53,5% registrados na safra passada. Mato Grosso se aproxima do final do plantio, com as lavouras apresentando bom desenvolvimento, apesar da irregularidade das chuvas. Em Goiás, Minas Gerais e Matopiba, os trabalhos aceleraram, pois estão bem abaixo do percentual semeado na safra passada devido às baixas e irregulares precipitações ocorridas em outubro. No Paraná e Santa Catarina, as baixas temperaturas e o excesso de chuvas comprometem o desenvolvimento inicial das lavouras em diversas regiões. Já no Mato Grosso do Sul, esta é considerada uma das safras com melhor estande das lavouras dos últimos anos. No Rio Grande do Sul, o plantio é iniciado lentamente. Neste levantamento, a área de plantio estimada aumentou para 43.242,3 mil hectares, 4,2% superior à área da safra passada.
TRIGO
Em conjunto com a expectativa de aumento de 11,1% de produtividade e aumento de 11,4% da área cultivada em relação à safra passada, o atual cenário prevê uma produção de 9,5 milhões de toneladas de trigo para esta safra, valor 23,7% maior que a safra anterior.
CENÁRIO DAS PRINCIPAIS CULTURAS DE GRÃOS
ALGODÃO
Embora esteja em período de vazio sanitário, prevê-se para a cultura de algodão um aumento de 2,6% da área cultivada, em relação à safra passada, totalizando 1.642,2 mil hectares. As lavouras na Bahia e no Mato Grosso, estados com maior representatividade na produção de algodão, iniciarão suas semeaduras entre final de novembro e início de dezembro.
Oferta e demanda
Apesar do cenário nacional e mundial apresentarem sinais de retração, os produtores de algodão ainda estão dispostos a ampliarem suas áreas, conforme dados levantados pela Conab. A boa rentabilidade da cultura e a ampliação das vendas no mercado internacional, devido à conquista e fidelização de novos clientes, ainda incentiva o setor. Assim, dados colhidos pela Conab para este segundo levantamento indicam que a produção do algodão em pluma deverá atingir 2,98 milhões de toneladas. Isso representa um crescimento de 16,9% da produção em relação à safra 2021/2022.
Conforme dados do Ministério da Economia, em outubro de 2022, foram exportadas 260,1 mil toneladas de algodão, ao preço médio de US$ 2.095,5 a tonelada. Em comparação ao mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 203,1 mil toneladas ao preço médio de US$ 1.715,8 a tonelada, houve um crescimento de 28% do volume e 22% do preço. A previsão para o ano de 2023 é que sejam exportadas 1.978 mil toneladas, contra 1.902 mil toneladas de 2022, o que dá um crescimento de 4% do volume. Caso ocorra melhora do cenário econômico mundial, é possível uma revisão desse valor.
No mercado doméstico, os compradores estão retraídos. Receosos, diante de uma recessão que reduz a demanda por seus produtos, adquirem o suficiente para atender apenas as suas necessidades imediatas, pressionando os preços. Já os vendedores procuram manterem-se firmes em suas posições, evitando vendas a preços abaixo do valor pedido. Este cenário tem deixado o mercado bastante lento, com poucos negócios realizados e em menores volumes. Mesmo assim, ainda se espera aumento do consumo interno para 720 mil toneladas, o qual poderá ser ainda maior caso ocorra melhora na economia nacional e mundial. Assim, na safra 2022/23, os estoques devem finalizar em 1,6 milhão de toneladas, o que representa crescimento de 21,17% em relação à safra 2021/22.
MILHO
Oferta e demanda
Para a safra 2022/23, a Conab prevê uma produção total de 126,4 milhões de toneladas, um aumento esperado de 12%, comparando-se à safra anterior. Esse aumento na produção total é resultado do aumento de área de milho segunda safra em conjunto com uma recuperação da produtividade projetada em campo das três safras. Cabe destacar que a Conab projeta um aumento de 3,4% na área plantada e de 8,3% da produtividade do setor.
Em relação aos dados da demanda doméstica, a companhia acredita que 81,8 milhões de toneladas de milho da safra 2021/22 deverão ser consumidos internamente ao longo de 2023, ou seja, um aumento de 6,2% comparativamente à safra anterior.
Sobre a balança comercial, a Conab projeta uma estabilização do volume de importação total para a safra 2022/23 em 2,5 milhões de toneladas do grão em relação à safra 2021/22. Para as exportações, com a projeção de aquecida demanda externa pelo milho brasileiro produzido na safra 2022/23, a Conab estima que 45 milhões de toneladas sairão do país via portos. Dessa feita, acredita-se que o aumento da produção brasileira, alinhado à maior demanda internacional, deverão promover uma elevação de 16,9% das exportações do grão em 2023. Com isso, o estoque de milho em fevereiro de 2024, ou seja, ao fim do ano-safra 2022/23, deverá ser de 9,8 milhões de toneladas, aumento de 28,2%, comparando-se à safra 2021/22, esse dado indica a recomposição da disponibilidade interna do cereal.
SOJA
Safra 2021/22
O último relatório da Conab de setembro de 2022 trouxe uma estimativa de exportação, no período de janeiro a dezembro de 2022, de 78,26 milhões de toneladas. Segundo o Ministério da Economia, a soma das exportações de soja em grãos de janeiro a outubro de 2022 foi de 74,83 milhões de toneladas, faltando 3,44 milhões de toneladas a serem exportados nos dois meses restantes de 2022.
A demanda e preços internacionais elevados em 2022 deram sustentação às exportações brasileiras. Por este motivo, e considerando os dados mais recentes da Secex, as exportações de soja em grãos passam a ser estimadas em 79,22 milhões de toneladas.
Além do alto volume de exportação de soja em grãos, as exportações de farelo e de óleo de soja também estão elevadas. Preços internacionais altos, margem de esmagamentos positivas, redução do percentual de biodiesel ao diesel, demanda internacional aquecida e quebra de safra na Argentina foram os principais motivos das altas exportações destes subprodutos.
Assim, a estimativa de exportações para 2022 de farelo de soja passa de 19 milhões de toneladas para 19,95 milhões de toneladas, e a de óleo de soja passa de 2,1 milhões de toneladas para 2,53 milhões de toneladas.
A estimativa de estoque inicial de óleo de soja em 2022 foi ajustada para 492 mil toneladas,e o estoque final para 422 mil toneladas,seguindo as estimativas disponibilizadas pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Para isso, em 2021, foi reduzida a estimativa de produção de óleo de soja para “outros usos” – óleo de soja não usado para produção de biodiesel como consumo humano indústrias de alimentos e outros usos – em 368 mil toneladas. Com isso, a venda de óleo de soja no mercado interno passa de 8,01 milhões de toneladas para 7,64 milhões de toneladas.
A venda no mercado interno, em 2022, de farelo e óleo de soja também sofre ajuste estatístico, passando de 18,34 milhões de toneladas para 18,10 milhões de toneladas para venda de farelo do mercado interno, e de 7,47 milhões de toneladas para 7,45 milhões de toneladas para o óleo de soja.
Também em 2022, os estoques de farelo passam de 1,71 milhão de toneladas para 1,21 milhão de toneladas, motivado por uma maior estimativa de exportações para o produto.
Com as modificações relatadas, o processamento (esmagamentos) de 2022 passa de 48,8 milhões de toneladas para 48,98 milhões de toneladas, e os estoques finais de soja em grãos passam de 4,32 milhões de toneladas para 3,19 milhões de toneladas, com redução de 1,1 milhão de toneladas em relação ao último levantamento.
Safra 2022/23
Para a safra 2022/23, a Conab estima um aumento de área em relação ao relatório passado, consequentemente, a estimativa de produção de soja em grãos para 2023 passa de 152,35 milhões de toneladas para 153,54 milhões de toneladas.
Em razão do aumento de área e produção há necessidade de um ajuste estatístico para a estimativa de perdas e sementes de 27 mil toneladas. Também há um aumento na estimativa de exportação de soja em grãos de 575 mil toneladas.
Há, também, um aumento estatístico de esmagamentos provocado pelo aumento de estimativa de consumo de óleo de soja para outros usos no ano de 2023. Por este motivo, houve um aumento da estimativa de produção de farelo e óleo de soja.
Por fim, motivado principalmente por um menor estoque inicial, a estimativa de estoques finais de soja em grãos para 2023 foi reduzida em aproximadamente 1,09 milhão de toneladas.
BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS
CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos, Brasília, DF, v. 10, safra 2022/23, n. 2 segundo levantamento, novembro 2022.