Olá, caro leitor!
Meu nome é Izabelly Mendes, sou agrônoma e especialista em Agronegócio.
Hoje irei abordar brevemente sobre gestão agrícola, fatores que influenciam em seus resultados e algumas ferramentas que podem te auxiliar.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, o setor agropecuário representa não apenas um dos grandes motores da economia para as áreas interioranas, como também é capaz de protagonizar as soluções para os desafios futuros nacionais em uma economia altamente globalizada com crescente necessidade de alimentos e preocupada com o uso consciente e não predatório dos recursos naturais.
O fracasso de uma safra pode estar ligado a diversos fatores, sejam eles de ordem ambiental ou econômica. Apesar da gama de riscos ser extensa, há de se notar que uma gestão eficiente do empreendimento agrícola pode ser capaz de mapear tais riscos, estabelecer medidas de contingência, contratar instrumentos de proteção, bem como apresentar diversas outras informações relevantes para o negócio.
Nesse sentido, pode-se dizer que uma má gestão representa um passo certeiro em direção a uma lucratividade limitada e a possíveis fracassos no empreendimento. A ausência de gestão e de uma estratégia de longo prazo conduz o produtor a um cenário de competitividade reduzida, e, em decorrência, perda de participação no mercado, bem como o restringe a sanar emergências de curto prazo, sem de fato refletir sobre o potencial de seu empreendimento nos médio e longo prazos.
Dentre as diversas naturezas de risco que podem afetar um empreendimento agrícola, uma das que mais podem comprometer o sucesso de uma safra é o risco de preço, ou seja, o risco de oscilação de preços de venda dos produtos agrícolas. Isso ocorre, pois, a receita de safras é altamente influenciada pelos preços dos produtos agrícolas (commodities) nos mercados à vista e de futuros, bem como pela taxa de câmbio real por dólar à vista e futura.
A essas incertezas de preço somam-se outras como o potencial exportador do Brasil, decorrente da política de relações internacionais adotada pelo governo, a existência de impostos sobre exportação maiores ou menores, a existência ou não de linhas de crédito atrativas para a agroindústria, as condições climáticas e de escassez de produtos agropecuários no Brasil e no mundo, dentre outras.
De forma a endereçar o risco de preço, o qual é muito mais controlável e mitigável do que os riscos de natureza climática e ambiental, o produtor tem à sua disposição instrumentos de gestão diversos como seguros, contratos futuros, contratos a termo, operações compromissadas, dentre outros.
As estratégias de proteção de preço por meio de contratos futuros são utilizadas quando se pretende vender ou comprar um ativo em uma data futura, e este ativo apresenta um risco de oscilação de preço relevante para compradores e vendedores. Por meio dos contratos futuros é possível diminuir a incerteza sobre o preço futuro de comercialização desse ativo, tornado mais simples o processo de planejamento de compradores e vendedores daquele ativo.
Esse quadro teórico também é aplicável ao produtor agrícola, o qual realiza todas as etapas de semeadura, cultivo e colheita do produto para, então, comercializá-lo ao preço vigente no mercado, sem garantias de que a receita recebida será suficiente para cobrir todos os custos incorridos no processo.
A fim de mitigar o risco de o preço obtido na venda da produção ser insuficiente frente aos custos do empreendimento, o produtor pode assumir posições vendidas em contratos futuros, os quais geram ganhos em caso de queda no preço dos produtos agrícolas, criando um efeito reverso à perda de rentabilidade advinda dos preços reduzidos. Desse efeito reverso advém a capacidade de os contratos futuros reduzirem a perda de receita, diminuírem a amplitude de resultados ruins, e aprimorarem a precisão do planejamento.
A profissionalização da gestão representa passo fundamental na busca por melhores resultados dos empreendimentos agrícolas. Não obstante a relevância da gestão de custos para alcançar lucros superiores, a gestão de riscos financeiros mostra-se como ferramenta necessária para a proteção da receita contra flutuações de preço.
Por este motivo se faz necessário que o produtor invista tempo não apenas no entendimento dos processos de seu empreendimento agrícola, mas também na elaboração de uma gestão sólida, capaz de endereçar os potenciais riscos e propor soluções. Dessa forma, podemos ter um agro cada vez mais profissional apto a enfrentar as incertezas da atividade. Lembrando que a gestão independe do tamanho do empreendimento: serve para o pequeno e para o grande.