Quando eu comecei a trabalhar com Agricultura de Precisão 11 anos atrás, a fazenda que eu trabalhava contratou 2 empresas para que pudéssemos aprender sobre o processo e poder replicar o modelo internamente.
Lembro que na época a grande discussão sobre agricultura de precisão era em relação às empresas que prestavam esse serviço, falava-se muito sobre enganação, baixo aproveitamento, etc., e as próprias empresas utilizavam esse discurso para vender, informando que elas eram diferentes, além do famoso conceito de agricultura de precisão ser um meio de baixar custos, o que hoje sabemos não ser verdade na maioria dos casos, pelo menos a curto e médio prazo.
Anos se passaram, muitas saíram do mercado, restaram algumas da minha época, com certeza as mais sérias em relação a processos, porém ainda muito distantes em relação à verdadeira investigação do campo.
E minha intenção aqui não é criticar empresas de AP, acredito que elas sejam parceiras fundamentais na construção da agricultura de precisão e sei que tudo é um processo de evolução, mas lançar uma discussão sobre porque não conseguimos evoluir ou evoluímos muito devagar na parte agronômica do negócio como um todo.
Hoje eu vejo que o fato de o serviço não sair como se pretendia ou não avançar para encontrar respostas se deve a basicamente duas coisas: por mais que a empresa tenha boa vontade, quem conhece e está presente no dia-a-dia é o produtor rural ou responsável agronômico e o não envolvimento do cliente nas etapas iniciais de planejamento do serviço, investigação, divisão da área conforme características próprias e a falta de uma análise criteriosa dos dados no final do serviço com links de tomada de decisão e outras informações, muitas vezes disponíveis na propriedade, porém subaproveitadas, como relatório de máquinas, para o planejamento da próxima safra são os principais motivos de desencontro entre prestador e cliente.
Muito se falava em amostragem em zonas de manejo há 9 anos e até hoje é muito difícil encontrar empresas que trabalham com essa técnica como tem que ser! Precisamos de mais engajamento no campo e de agrônomos. Encontrar profissionais e deixá-los livres para investigar, processar, levantar discussões com os elos do campo. Falta de pesquisa não é, temos hoje um Departamento de AP na USP antenado com as maiores tendências mundiais nessa área, temos fazendas ávidas por conhecimento, por aumento de produtividade, por tudo que a AP pode proporcionar não só em termos de manejo do solo, mas todas as vertentes dela. Grande parte desse trabalho seria a cargo dos extensionistas, que hoje estão presentes mais no setor privado do que público (infelizmente os órgãos públicos estão sucateados, com esperança que a nova gestão do Brasil olhe com carinho para essa área), porém como anda a capacitação técnica dessa equipe?
A meu ver trabalhar com Zonas de Manejo é o futuro-presente e o próximo passo da Agricultura de Precisão, e o processo demanda conhecer a fundo a área em termos de classificação de solos, manchas de textura, declividade, histórico…tudo isso e muito mais já é possível através do levantamento de imagens, dados georreferenciados por máquinas e equipamentos, além de um bom profissional técnico.
Se você é prestador ou cliente, não faça ou não aceite um trabalho raso do tipo: “está aqui seu material e nos vemos na próxima safra”. Vamos planejar, decidir e discutir juntos, quebrar a cabeça e sair da caixinha é o modo de avanço para todos os lados!
3 Comentários. Deixe novo
Sou técnico agrícola e gosto de estar bem informado sobre tudo que diz respeito a agricultura . Abraço!
Parabéns pela iniciativa!
Este site e sem dúvida um achado para os engenheiros agrônomos, profissionais da área, produtores e para toda a área do agronegócio.
Fico feliz por encontrar pessoas que ainda se dispõem a contribuir com o próximo e com o meio ambiente.
Um Grande Abraço.
Att: Davis Menezes.
Eng. Agrônomo.
Obrigada Davis!! Ficamos muito felizes com seu comentário! Isso nos incentiva a continuar cada vez mais nessa jornada! Abraço!!