Saúde do solo: desvantagens da monocultura

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No Brasil, a monocultura esteve presente em diversos ciclos,  inicialmente utilizando mão-de-obra escrava, principalmente nas culturas de cana-de-açúcar e café. De acordo com Silva (2011), a prática da monocultura em larga escala começou no século XVI com a cana-de-açúcar destinada à fabricação de açúcar para exportação para a Europa, seguida no futuro pelo cacau e o café. Doenças e esgotamento do solo encerraram os ciclos do cacau e do café, forçando a cana-de-açúcar a migrar para outras regiões em busca de terras mais férteis.

Milho verde novo crescendo no campo, plano de fundo. Textura de mudas de milho, fundo verde.

Zimmermann (2009) define monocultura como o cultivo de uma única espécie agrícola em uma determinada área ou região, prática que ocorre com maior intensidade nos grandes latifúndios rurais do Brasil. Esse tipo de cultivo, principalmente voltado à exportação acarreta desgaste e empobrecimento nutricional do solo, além de contaminação por fertilizantes e agrotóxicos quando usados indiscriminadamente. Atualmente, a soja ocupa uma posição central na produção agrícola destinada à exportação. Esse crescimento começou na década de 1970. Em 2017, o Brasil se tornou o maior exportador de grãos de soja e, hoje, é o segundo maior produtor mundial.

A prática da monocultura intensiva, baseada no uso de fertilizantes químicos e processos mecânicos de reestruturação do solo, se intensificou com o modelo euro-americano de modernização agrícola pós-Revolução Industrial. Antes disso, a monocultura era viável apenas em regiões com solos excepcionais ou em áreas de conquista onde a degradação do solo não era uma preocupação (Romeiro, 1998, p. 93).

Entre as principais consequências da monocultura, destaca-se a dificuldade dos animais típicos da região em encontrar alimento, o que os leva a invadir centros urbanos e outras áreas em busca de comida, tornando-se presas fáceis. Isso resulta na redução da fauna local, pois a falta de alimento dificulta a reprodução dos animais. Além disso, há um aumento das pragas, que, sem predadores naturais, requerem o uso intensivo de agrotóxicos. Esse cenário também favorece o aumento da população de insetos, contribuindo para a propagação de doenças.

A monocultura interrompe o processo natural de reciclagem de nutrientes no solo, empobrecendo-o e diminuindo sua produtividade. O solo se compacta e o aumento do uso de agrotóxicos agrava ainda mais a degradação do solo. Além disso, ocorre uma diminuição da vazão de córregos e nascentes.

A Embrapa, criada em 1973, visa soluções sustentáveis para a agricultura brasileira. Estudos incentivaram a rotação de culturas como alternativa à monocultura, pois sistemas contínuos de sucessão, como trigo-soja ou milho safrinha-soja, degradam o solo e reduzem a produtividade (Machado, 2008). A rotação de culturas melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo, auxilia no controle de pragas e doenças, repõe matéria orgânica e protege o solo dos agentes climáticos (Embrapa, 2004).

Apesar das vantagens da rotação de culturas, a preferência agrícola global ainda está focada na monocultura, principalmente nos países que produzem commodities alimentares para exportação. Os impactos ambientais desse modelo são mais graves nas regiões tropicais, onde a ausência de uma estação fria depende inteiramente da diversidade biológica (Romeiro, 1998, p. 112). A monocultura nessas áreas exige um controle químico rigoroso eliminando espécies úteis ou transformando outras em pragas. Portanto, a monocultura é uma prática  que necessita ser revisada para evitar a degradação de terras e ecossistemas. (Carvalho, 2023; Castro, 1965, p. 424).

Fontes:

Balassa et al. A redução de biodiversidade pela prática de monocultura e a degradação  do solo e sua relação com a função social da terra no Brasil. Unicesumar 26/06/2024 

Dinâmica ambiental 26/06/2024

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Tags: Café, cana-de-açúcar, Fertilizantes, latifúndio, monocultura, rotação de culturas, saúde do solo, soja

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