Estratégias para a recuperação de pastagens degradadas

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(Curadoria Agro Insight)

O tema da curadoria de hoje são as estratégias para a recuperação de pastagens degradadas.

Alternativas gerais de recuperação e de renovação direta e indireta de pastagens e práticas associadas

Tabela 1. Alternativas gerais de recuperação e de renovação direta e indireta de pastagens e práticas associadas.Fonte: Macedo e Araújo (2019).

Pastagem com perda de vigor Pastagem em degradação Pastagem degradada
– Recuperação da fertilidade

– Plantio pastagem anual solteira ou consorciada

– Adequação do manejo animal

– Controle de invasoras

– Subsolagem

– Recuperação da fertilidade

– Plantio pastagem anual solteira ou consorciada

– Adequação do manejo animal

– Controle de invasoras

– Tratamento pragas e doenças

– Preparo total do solo

– Práticas conservação do solo

– Recuperação da fertilidade

– Plantio pastagem anual solteira ou consorciada

– Adequação do manejo animal

Estratégias de recuperação

Pastagem recuperada Pastagem recuperada Plantio direto lavouras (ILP) Plantio direto lavouras (ILP)
Pastagem manutenção Plantio direto lavouras (ILP) Pastagem recuperada Plantio direto lavouras (ILP)

A Recuperação Direta sem Destruição da Vegetação é utilizada quando a pastagem está nos estágios iniciais da degradação (EDs 1 e 2) e as causas principais são o manejo inadequado e/ou deficiência de nutrientes. A pastagem deve estar bem formada, sem invasoras, sem solo descoberto ou compactado e sem erosão.

A Recuperação Direta com Destruição Parcial da Vegetação é indicada quando as pastagens estão em estágios intermediários de degradação (EDs 3 e 4), com a presença de plantas invasoras e pragas. Pode-se proceder a roçagem da vegetação (pastagem e plantas invasoras) ou aplicar um herbicida em doses que permitam o controle das invasoras e o retorno da forrageira.

A Recuperação Direta com Destruição Total da Vegetação é indicada quando a pastagem está nos estágios mais avançados de degradação (EDs 5 e 6 e, eventualmente, ED 4), com baixa produtividade de forragem, solo descoberto, elevada ocorrência de espécies invasoras, grande quantidade de cupins e formigas, solo com baixa fertilidade e alta acidez, compactação e/ou erosão do solo, e o produtor rural deseja manter a mesma espécie ou cultivar.

A Recuperação Indireta com Destruição Total da Vegetação é utilizada quando a pastagem degradada estiver nas mesmas condições que o caso anterior (EDs 5 e 6) e uma pastagem ou cultura anual será implantada como intermediária no processo de recuperação para produção de grãos ou silagem em consórcio ou sucessão com forrageiras por meio da Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O cultivo anual visa amortizar custos, aumentar a fertilidade do solo ou elevar a produção de volumoso suplementar na propriedade rural. Em regiões com mercado ativo para madeira e/ou para o caso de produtores rurais que busquem melhoria de bem-estar animal e conforto térmico para a pecuária, pode-se adotar sistemas de Integração Pecuária-Floresta (IPF) ou Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

A Renovação Indireta com uso de Pastagem Anual ou de Agricultura por meio da ILP é uma alternativa recomendada quando o estágio de degradação da pastagem é o mais avançado (EDs 4, 5 ou 6) e se deseja trocar de espécie ou cultivar. É de custo mais elevado, exige conhecimento tecnológico, infraestrutura de máquinas, de equipamentos, de armazenagem e/ou a necessidade de parceiros e/ou arrendamento.

Existem muitos sistemas de ILP (por exemplo, Barreirão, Santa Fé, São Mateus, Boi Safrinha, Santa Brígida, São Francisco, Santa Ana, Gravataí, etc.) e muitas formas de implantá-los (Cordeiro et al., 2015), como por exemplo: plantio das sementes da cultura anual com a semente da forrageira misturada ao fertilizante; distribuição a lanço das sementes do capim antes do plantio das sementes da cultura anual em solo preparado; plantio da cultura anual e, na sequência, distribuição das sementes da forrageira; plantio defasado da semente da forrageira na lavoura implantada (tratos culturais, sobressemeadura); plantio simultâneo da semente da cultura anual e da forrageira na mesma operação (semeadoras com terceira caixa), entre outras.

Apesar de ser muito utilizada, a Renovação Direta tem retorno econômico mais lento, pois, visa substituir uma espécie ou cultivar por outra forrageira sem utilizar uma cultura agrícola ou pastagem anual intermediária, o que aumenta muito os custos de produção. Baseia-se, principalmente, em tratos mecânicos e químicos para o controle da espécie que se quer erradicar e, em seguida, se faz o plantio da nova espécie ou cultivar.

Estágio de degradação (ED) Nível Estratégia, recomendações técnicas e operações
Nível leve a Moderado:

Renovação/recuperação a custo mais

baixo

1 I. Recuperação direta sem destruição da vegetação

• Ajuste da taxa de lotação animal

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Ajuste do manejo do pastejo (lotação, alturas entrada-saída; período de descanso)

2 I. Recuperação direta sem destruição da vegetação

• Ajuste da taxa de lotação animal

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Ajuste do manejo do pastejo (lotação, alturas entrada-saída; período de descanso)

Nível Forte a Muito Forte:

Renovação/recuperação a custo intermediário

3 II. Recuperação direta com destruição parcial da vegetação

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Manejo de invasoras (mecânico com roçadeira ou químico com herbicidas)

• Manejo do solo (PC ou SPD) e/ou subsolagem

• Replantio localizado ou em área total da mesma espécie ou cultivar forrageira

4 III. Recuperação ou Renovação Indireta

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Manejo do solo (PC ou SPD)

• Plantio da mesma (recuperação) ou de nova (renovação) espécie ou cultivar forrageira com uso de pastagem anual ou cultura agrícola (ILP)

Nível Muito Forte:

Renovação/recuperação a custo mais alto

5 III. Recuperação ou Renovação Indireta

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Manejo do solo (PC ou SPD)

• Plantio da mesma (recuperação) ou de nova (renovação) espécie ou cultivar forrageira com uso de pastagem anual ou cultura agrícola (ILP)

 

IV. Recuperação direta com destruição total da vegetação

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Manejo de invasoras (mecânico com roçadeira ou químico com herbicidas)

• Manejo do solo (PC) e/ou subsolagem

• Recomposição das práticas de conservação do solo

• Replantio em área total da mesma espécie ou cultivar forrageira

6 III. Recuperação ou Renovação Indireta

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Manejo do solo (PC ou SPD)

• Plantio da mesma (recuperação) ou de nova (renovação) espécie ou cultivar forrageira com uso de pastagem anual ou cultura agrícola (ILP).

• Taxa lotação animal aproximada = 2,0–3,0 UA/ha/ano

• GPV médio = > 500–700 g/animal/dia

• Produtividade carne = >18–20 @ /ha/ano

• Produção leite = >15 L/animal/dia

• Produtividade anual leite = 6.000–7.000 L/ha/ano

• Custo operacional de produção = ± US$ 900–1.200/ha

• Custo adicional de práticas de conservação do solo = ± US$ 400–800/ha

• Recuperação de pastagens com amortização de custos (pela colheita da cultura agrícola)

• Idem às observações para a recomendação da estratégia III.

• Proceder a eliminação de sulcos de erosão, a sistematização do terreno e a recomposição das práticas de conservação do solo (terraceamento, plantio em nível, construção de bacias, etc.).

• Considerar que, em alguns casos, a produtividade das culturas anuais poderá ser menor que o habitual.

 

IV. Recuperação direta com destruição total da vegetação

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Manejo de invasoras (mecânico com roçadeira ou químico com herbicidas)

• Manejo do solo (PC) e/ou subsolagem

• Recomposição das práticas de conservação do solo

• Replantio em área total da mesma espécie ou cultivar forrageira

• Taxa lotação animal aproximada = 2,0 UA/ha/ano

• GPV médio = 500 g/animal/dia

• Produtividade carne = > 14 @/ha/ano

• Produção leite = >12 L/animal/dia

• Produtividade anual leite = 5.000–6.000 L/ha/ano

• Custo operacional de produção = ± US$ 600–900/ha

• Custo adicional de práticas de conservação do solo = ± US$ 400–800/ha.

• Idem às observações para a recomendação da estratégia I.

• Proceder a eliminação de sulcos de erosão, a sistematização do terreno e a recomposição das práticas de conservação do solo (terraceamento, plantio em nível, construção de bacias, etc.).

• Considerar que, em alguns casos, a produtividade das culturas anuais poderá ser menor que o habitual e a necessidade de mais anos com a atividade agrícola para que a fertilidade do solo possa sustentar maiores produtividades de grãos e maiores taxas de lotação animal.

 

V. Renovação Direta

• Análise do solo

• Aplicação de corretivos e de fertilizantes

• Manejo de invasoras (mecânico com roçadeira  ou químico com herbicidas)

• Manejo do solo (PC) e/ou subsolagem

• Recomposição das práticas de conservação do solo

• Plantio da nova espécie ou cultivar forrageira solteira

Recomendam-se as seguintes operações para as estratégicas de recuperação ou renovação de pastagens degradadas:

I. Recuperação direta sem destruição da vegetação

Retirada de animais e descanso da pastagem; ajuste da taxa de lotação animal; seguir a recomendação de manejo com controle da altura da espécie forrageira; uso de régua de manejo; se necessário proceder roçagem para uniformização da altura do pasto; realizar análise do solo e, se necessário, aplicação de calcário, gesso agrícola, adubação nitrogenada (ureia ou equivalente) e/ou adubação corretiva (N, P, K e S) , conforme grau de intensificação (taxa de lotação e produção por animal) planejado para Fazendas Tipo 1 ou 4. Essa estratégia é recomendada para as pastagens nas condições de Estágios de degradação (ED) 1 ou 2, com bom potencial produtivo, mas que pode ser aumentado com baixo investimento. Além disso, evita-se que as pastagens avancem para os demais EDs.

II. Recuperação direta com destruição parcial da vegetação

Rebaixamento da pastagem com pastejo; realizar análise do solo e, se necessário, aplicação de calcário, gesso agrícola, adubação nitrogenada (ureia ou equivalente) e/ou adubação corretiva (N, P, K e S); aplicação de herbicidas dessecantes para controle químico de invasoras (em área total se tiver >40% de infestação ou dirigida se tiver <40% de infestação), ou com equipamentos mecânicos (rolo-faca, roçadeira, mata-broto), ou adotar PC, com gradagem leve para destruição parcial da biomassa forrageira e/ou para descompactar o solo; subsolagem se houver compactação do solo; não havendo compactação, pode-se utilizar SPD (plantio direto) com uma plantadeira apropriada; replantio localizado, se sufi ciente, ou em área total, quando necessário; pode-se efetuar simultaneamente a adubação e a ressemeadura de sementes da mesma espécie ou cultivar da forrageira, assegurando-se do efetivo enterro das sementes (para Fazendas Tipo 1 ou 4). Em casos em que se tem conhecimento da existência de banco de sementes, pode-se optar pela ressemeadura natural. Recomendado para os EDs 3 ou 4.

III. Recuperação ou Renovação Indireta com destruição total da vegetação (com pastagem anual ou ILP)

Realizar análise do solo e, se necessário, aplicação de calcário e gesso agrícola; manejo do solo com PC ou SPD, dependendo das condições de cobertura e/ou compactação do solo, presença de sulcos e de trilheiros; reimplantação do sistema de terraceamento; plantio da mesma (no caso de recuperação) ou de nova espécie ou cultivar da forrageira (no caso de renovação) com uso intermediário de pastagem anual (milheto ou sorgo forrageiro) ou culturas agrícolas (produção de grãos ou silagem) em consórcio ou sucessão com forrageiras por meio da ILP (para Fazendas Tipo 1 ou 3). Mais indicado para os EDs 3, 4, 5 ou 6.

IV. Recuperação direta com destruição total da vegetação

Realizar análise do solo e, se necessário, aplicação de calcário, gesso agrícola, adubação nitrogenada (ureia ou similar) e/ou adubação corretiva (N, P, K e S); aplicação de herbicidas dessecantes para controle químico de invasoras (em área total se tiver >40% de infestação ou dirigida se tiver <40% de infestação) ou com equipamentos mecânicos (rolo-faca, roçadeira, mata-broto) ou adotar PC com gradagem leve para destruição parcial da biomassa forrageira e/ou para descompactar o solo; subsolagem se houver compactação do solo; não havendo compactação pode-se utilizar SPD com uma plantadeira apropriada; replantio localizado, se sufi ciente, ou em área total, quando necessário; pode-se efetuar simultaneamente a adubação e a ressemeadura de sementes da mesma espécie ou cultivar da forrageira, assegurando-se do efetivo enterrio das sementes (para Fazendas Tipo 1 ou 4). Em casos em que se tem conhecimento da existência de banco de sementes, pode-se optar pela ressemeadura natural. Indicado para os EDs 3, 4, 5 ou 6.

V. Renovação Direta

Realizar análise do solo e, se necessário, aplicação de calcário, de gesso agrícola, adubação nitrogenada (ureia ou similar) e/ou adubação corretiva (N, P, K e S); aplicação de herbicidas dessecantes para controle químico de invasoras (em área total se tiver >40% de infestação ou dirigida se tiver <40% de infestação) ou com equipamentos mecânicos (rolo-faca, roçadeira, subsolador, mata-broto) ou adotar PC com gradagem leve para destruição parcial da biomassa forrageira e/ou para descompactar o solo; subsolagem se houver compactação do solo; não havendo compactação pode-se utilizar SPD com uma plantadeira apropriada; pode-se efetuar simultaneamente a adubação e a semeadura de sementes da nova espécie ou cultivar da forrageira, assegurando-se do efetivo enterrio das sementes (para Fazendas Tipo 1 ou 4). Pode ser utilizado nos EDs 3, 4, 5 ou 6.

Tipos de Propriedade Rural

Tipo 1 – Fazendas de Pecuária: em que culturas de grãos, geralmente arroz, soja, milho e/ou sorgo, são introduzidas ou consorciadas em áreas de pastagens para recuperar a produtividade dos pastos;

Tipo 2 – Fazendas Especializadas em Lavouras de Grãos: em que utilizam gramíneas forrageiras para melhorar a cobertura de solo em SPD e, na entressafra, para uso da forragem na alimentação de bovinos (“safrinha de boi”);

Tipo 3 – Fazendas de ILP: ou seja, que, sistematicamente, adotam a rotação de pasto e de lavoura: para intensifi car o uso da terra e se benefi ciar do sinergismo entre as duas atividades;

Tipo 4 – Fazendas de Pecuária Tradicional: em que as pastagens são implantadas sem a correção adequada da fertilidade do solo nem realizam adubações após a implantação.

Manejo do Pastejo

O manejo do pastejo é desafi ador porque visa equilibrar oferta de forragem sufi ciente para satisfazer as exigências do rebanho e garantir a produtividade e a sobrevivência da planta forrageira. Para assegurar uma rebrotação vigorosa sem comprometer as reservas da planta, a presença de folhas remanescentes ao pastejo e a manutenção dos pontos de crescimento (meristema apical) são essenciais. A altura do dossel forrageiro constitui-se em uma valiosa ferramenta de manejo, pois assegura maior produção de folhas em detrimento de hastes e maior valor nutritivo da forragem (Costa e Queiroz, 2017). Assim, no uso da lotação rotacionada é recomendado conduzir o manejo do pastejo controlando a altura das plantas na entrada e na saída dos animais do piquete. Na lotação contínua, valores mínimos e máximos de altura do dossel foram estabelecidos e deverão ser seguidos conforme a espécie ou cultivar forrageira.

A escolha da espécie ou cultivar forrageira deve basear na sua adequação às condições edafoclimáticas da região, bem como, aos objetivos e aos níveis de intensificação planejados para a propriedade rural.

Podcast

A degradação de pastagens é um problema que atinge todo o Brasil. Mais da metade dos pastos brasileiros apresenta algum nível de degradação. No áudio a seguir, o pesquisador da Embrapa Cerrados, Luiz Adriano Cordeiro, fala sobre as estratégias para a recuperação e a renovação de pastagens degradadas no Cerrado, e como tornar a atividade pecuária cada vez mais lucrativa.  De acordo com o nível de degradação, o produtor pode implantar ações para recuperar o pasto e aumentar a produtividade ou ainda renovar a área, com a implantação de uma nova pastagem.

BIBLIOGRAFIA E LINKS RELACIONADOS

Embrapa/Notícias – Estratégias para recuperação e renovação de pastagens degradadas no Cerrado. Produção animal, março de 2023.

Folder – ESTRATÉGIAS para recuperação e renovação de pastagens degradadas no cerrado. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2020. 2p.

 

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Tags: Estratégias para recuperação e renovação de pastagens, pastagens degradadas, pastagens no Cerrado, Recuperação de pastagens, renovação de pastagens

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