Os primeiros relatos de drones no Brasil surgiram na década de 1980 com o projeto militar Acauã, desenvolvido pelo Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA). Simultaneamente, o projeto ARARA aplicou drones na área agrícola, substituindo aeronaves convencionais para monitoramento ambiental. Esses primeiros passos abriram caminho para o uso dos VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) na agricultura brasileira.
Em 2021, havia cerca de 80 mil drones registrados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com apenas 1,87% destinados à agricultura. O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (SINDAG) prevê que, até 2026, esse número crescerá para 93 mil. O aumento no uso de drones, especialmente na agricultura, reflete um interesse crescente das empresas por essa tecnologia.
Um dos principais motivos para o crescimento do uso de drones na agricultura é o custo operacional reduzido em comparação com aviões agrícolas tradicionais, tornando o monitoramento de lavouras e a aplicação de insumos mais acessíveis. O uso de drones também permite maior precisão, especialmente na aplicação de produtos biológicos, ajudando a promover práticas agrícolas sustentáveis.
Os VANTs têm um perfil específico de usuários no agronegócio brasileiro: pessoas ou organizações com recursos financeiros e disposição para investir na tecnologia. Além disso, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) regulamenta o uso de drones no país, estabelecendo diferentes altitudes de voo para operações de pulverização e monitoramento, assegurando o uso seguro e eficiente dos VANTs.
Uma das principais vantagens dos drones em comparação com métodos tradicionais de aplicação de insumos é a precisão e a eficiência. Os drones conseguem pulverizar lavouras com maior concentração de calda, menor uso de água e sem amassar as plantas, contribuindo para um controle mais eficaz de pragas e doenças, como o percevejo-marrom e a lagarta falsa-medideira.
No controle biológico de pragas, os drones desempenham um papel essencial ao aplicar inseticidas biológicos e agentes como os baculovírus, que atacam pragas específicas sem prejudicar o meio ambiente. Esse método reduz a necessidade de inseticidas químicos, melhorando a sustentabilidade e a segurança alimentar. A aplicação de drones permite uma precisão que os métodos convencionais muitas vezes não conseguem alcançar.
Drones também estão sendo usados para liberar agentes biológicos como as vespas Trichogramma, que parasitam ovos de pragas agrícolas. Essa prática, realizada com alta precisão, contribui para o controle integrado de pragas, sendo uma solução promissora para culturas como soja, milho, cana-de-açúcar e algodão, onde o controle biológico já se mostra eficiente.
O uso de drones na agricultura tem mostrado vantagens significativas em termos de custo, eficiência e sustentabilidade. Apesar de seu uso ainda estar restrito a produtores com maior poder aquisitivo, a tendência é que, com o avanço tecnológico e a diminuição dos custos, o uso de drones se expanda para um público mais amplo, transformando a forma como a agricultura é conduzida no Brasil.
Fonte: SANTOS, Lucas Silva dos. Revisão bibliográfica: Uso de drones no controle químico e biológico de pragas agrícolas. Disponível em: USP. Acesso em 07/10/2024